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ECONOMIA
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ENFOQUE MACRO SEMANAL 29 de novembro de 2024 BRASIL: Inflação seguiu pressionada na prévia de novembro MUNDO: Inflação nos EUA reverteu a tendência de desinflação EVENTOS DA SEMANA

A semana foi marcada domesticamente pela divulgação do pacote de corte de gastos pelo governo, o qual não foi suficiente para reduzir a incerteza a respeito da dinâmica fiscal. Embora as medidas proponham R$ 72 bilhões em redução de despesas nos próximos dois anos, o governo também apresentou uma proposta de aumentar o limite de isenção do Imposto de Renda (IR) para R$ 5 mil, o que impactaria negativamente as receitas em cerca de R$ 40 bilhões. A medida seria acompanhada de três medidas de compensação, incluindo o estabelecimento de uma alíquota efetiva mínima para quem recebe mais de R$ 50 mil por mês. As dúvidas acerca do real impacto das medidas de redução de despesas, em especial a dependência elevada da correção de distorções (pente-fino), bem como as potenciais dificuldades em adotar medidas de compensação para o aumento das isenções da tabela do IR, contribuíram para a deterioração dos ativos domésticos. Na semana, o câmbio depreciou mais de 3%, enquanto a curva de juros já precifica um ciclo de alta da Selic acima de 14,50%. No cenário global, a ata do FOMC destacou o tom de cautela com o ciclo do corte de juros pelo Fed, reforçando a dependência dos dados. O mercado também segue atento aos possíveis impactos do governo Trump. No início da semana, Trump afirmou que adotaria uma tarifa de 25% sobre as importações do Canadá e do México, além de uma taxa adicional de 10% sobre os produtos chineses, o que aumentou o movimento global de aversão ao risco.

O IPCA-15 de novembro reforçou o quadro pressionado de inflação. O indicador avançou 0,62% no mês, acima da projeção do mercado (0,50%) e da nossa expectativa (0,52%). A principal surpresa ficou por conta de Passagem Aérea (22,56%), ficando acima das coletas. A principal contribuição altista partiu do grupo de Alimentação e bebidas (1,34%), com aceleração da alimentação no domicílio, com impacto de óleo de soja (8,38%), tomate (8,15%) e, principalmente, carnes (7,54%). Para as próximas leituras, a aceleração nos preços de alimentos deve persistir, diante da forte elevação nos preços de bovinos.

Em relação às principais métricas observadas pelo Banco Central, os núcleos apresentaram tendência de piora. A média móvel de três meses da média dos cinco núcleos, com ajuste sazonal e em termos anualizados, acelerou para 4,3% após a leitura de 3,9% em outubro, enquanto os serviços subjacentes voltaram a rodar acima de 5,0% na mesma métrica. Em suma, a prévia da inflação mostrou um cenário inflacionário pressionado, reforçando nossa projeção de 4,9% para o IPCA de 2024.

Governo apresentou o pacote de corte de gastos. Visando manter a sustentabilidade do arcabouço fiscal, o Ministério da Fazenda apresentou uma série de medidas de ajuste de despesas, somando um corte total de R$ 72 bilhões em 2025 e 2026. Entre as medidas, destaque para a limitação do reajuste real do salário-mínimo até 2,5%, a destinação de 20% do FUNDEB para educação integral e a redução de emedas. Em nossa avalição, o pacote de corte de gastos ficou abaixo do esperado, e as medidas deverão somar cerca de 50% do pretendido. Com isso, o quadro fiscal de 2025 exigirá novas medidas de contenção de gastos para o governo se manter no limite de despesas estabelecido pelo arcabouço (por exemplo, com bloqueio de despesas discricionárias ao longo de 2025). Em outra frente, o governo apresentou a proposta de aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil. A compensação para a perda de arrecadação estimada em cerca de R$ 40 bilhões viria do estabelecimento de uma alíquota efetiva mínima para quem recebe mais de R$ 50 mil por mês, revisão da isenção de IR para faixas mais altas de renda dos aposentados por moléstia grave ou acidente, e ajustes sistêmicos para evitar elisão e evasão fiscal. Os textos dos projetos serão ainda divulgados e deverão ser apreciados pelo Congresso.

Mercado de trabalho apresentou sinais mistos em outubro. De acordo com os dados do Caged, do Ministério do Trabalho, foram geradas 132,7 mil vagas de emprego formal no mês, abaixo da projeção do mercado. Em nossas estimativas, o número foi de 121 mil na série com ajuste sazonal, ante 128 mil em setembro. A média móvel de 3 meses também desacelerou, passando de 139 mil para 129 mil, puxada sobretudo pelo setor de serviços.  Por outro lado, os dados da PNAD Contínua mostraram novo recuo da taxa de desemprego, de 6,4% para 6,2% no trimestre encerrado em outubro. Na métrica dessazonalizada, a taxa passou de 6,6% para 6,5%, fruto do aumento da população ocupada, que mais do que compensou o crescimento da força de trabalho. O rendimento médio habitual, por fim, teve avanço de 0,4% em termos reais na margem, compensando a queda do último mês, o que fez com que a massa de rendimentos registrasse avanço de 0,8%. Em suma, apesar de alguns sinais mais moderados, o mercado de trabalho seguiu aquecido em outubro.

Crédito continuou a apresentar sinais de moderação em outubro. De acordo com os dados do Banco Central, o crescimento nominal interanual do saldo total de crédito passou de 10,6% para 10,8%, com aceleração no crédito para as empresas e estabilidade dos empréstimos para as famílias. No entanto, os sinais na margem foram opostos, com recuo das novas concessões de crédito na maior parte das linhas. De acordo com nossos cálculos, as concessões de crédito livre recuaram no tanto para as famílias (-5,1%), puxadas por modalidades rotativas e crédito consignado, como para empresas (-4,8%), de forma disseminada. A inadimplência, por sua vez, não apresentou sinais de mudança, permanecendo em 3,2%, com redução na carteira de recursos livres às pessoas físicas (5,6% para 5,5%). Em suma, os empréstimos tiveram evolução mais moderada no mês em meio a taxas de juros mais altas, movimento que deve persistir nas próximas leituras.

Mesmo com aprofundamento do déficit em transações correntes, contas externas seguiram favoráveis em outubro. As transações correntes foram deficitárias em US$ 5,9 bilhões no mês, resultado menos negativo do que o esperado (-US$ 6,2 bilhões), mas pior ante o superávit de US$ 451 milhões em outubro de 2023. A deterioração do saldo em conta corrente foi produto da redução do superávit da balança comercial (de US$ 8,6 bilhões para US$ 3,4 bilhões), puxada pela alta das importações, junto do déficit mais expressivo de renda primária. No acumulado em 12 meses, as transações correntes acumulam déficit de US$ 49,2 bilhões (2,2% do PIB), ante 1,9% do PIB no mês anterior. O investimento direto no país (IDP), no entanto, somou US$ 66,0 bilhões, ou 3,0% do PIB, mais do que compensando a deterioração de conta corrente.

O resultado primário do setor público consolidado foi superavitário em R$ 36,9 bilhões em outubro, abaixo da expectativa do mercado. Em relação à composição, o Governo Central registrou superávit de R$ 39,1 bilhões, enquanto os governos regionais e as empresas estatais foram deficitários em R$ 1,9 bilhão e R$ 360 milhões, respectivamente. Em 12 meses, o setor público consolidado acumulou déficit de R$ 223,5 bilhões, ou 2,0% do PIB, enquanto o resultado nominal, que inclui as despesas com juros, foi negativo em R$ 1,09 trilhão, o que representa 9,5% do PIB. A dívida bruta do governo geral, por sua vez, atingiu 78,6% do PIB, 0,4 p.p. acima da leitura de setembro. Estimamos que o déficit do setor público consolidado será de R$ 69 bilhões esse ano, enquanto a dívida bruta deverá alcançar 78,4% do PIB.

Inflação nos EUA interrompeu a tendência de desinflação dos últimos meses. O núcleo da inflação medido pelo PCE avançou 0,27% no mês, mudança praticamente igual à observada em setembro (0,26%), enquanto o crescimento na comparação interanual passou de 2,7% para 2,8%. A composição mostrou continuação na deflação na margem de bens (-0,1%), em sentido oposto à aceleração dos serviços (0,4%). Na métrica preferida do Fed, a inflação de serviços que exclui aluguéis continuou a acelerar (de 0,3% para 0,4%), com a média móvel de três meses anualizada passando de 3,0 para 3,6%. Em relação à atividade, o crescimento do consumo em termos reais desacelerou de 0,5% para 0,1%, com estabilidade em bens e avanço de 0,2% nos serviços. Em linhas gerais, os últimos dados nos EUA revelam um quadro de atividade sólida e inflação mais elevada que o esperado.

Ata do Fed justificou a opção pela redução dos juros em 25 pb. No documento, os membros do comitê de política monetária (FOMC) reconheceram os avanços no processo desinflacionário e demonstraram confiança com o atingimento da meta de 2%. Os participantes do FOMC citaram fatores baixistas para a inflação, como a ancoragem das expectativas e o caráter contracionista da política monetária. Em relação ao mercado de trabalho, o Fed entendeu que oferta e demanda seguem equilibradas e que o atual cenário é de desaceleração da demanda por mão de obra. Sobre atividade, o FOMC reconheceu a robustez da expansão da atividade e do consumo. A discussão na ata mostrou que os membros reduziram marginalmente a convicção no processo de desinflação, reforçando a necessidade de redução do passo de corte de juros de 50 pb. para 25 pb. Os membros também demostraram maior cautela com a volatilidade apresentada pelos dados do mercado de trabalho, que sofreram distorções por conta de greves e eventos climáticos.  Para as próximas reuniões, o comitê indicou que, caso os dados venham conforme o esperado, mais cortes seriam apropriados para levar a política monetária a um patamar mais próximo do neutro, embora tenham destacado a importância de não estabelecer um caminho pré-determinado para os juros. Mantemos a nossa expectativa de corte de 25 pb. em dezembro pelo Fed e continuidade do ciclo de corte em 2025 de forma espaçada.

Inflação na Área do Euro indica continuidade do ciclo de cortes da taxa de juros. A prévia da inflação de novembro registrou alta de 2,3% na comparação interanual, acelerando ante o mês anterior (2,0%), enquanto o núcleo da inflação manteve sua variação em 12 meses em 2,7%. Na margem, no entanto, houve descompressão importante do índice cheio e núcleo, com altas moderadas de 0,1% e 0,03%, nessa ordem, já descontando os efeitos sazonais. Diante do quadro inflacionário mais favorável e da desaceleração da atividade, esperamos que o Banco Central Europeu reduza os juros em 25 pb em dezembro.

 

NA PRÓXIMA SEMANA

Na agenda doméstica, destaque para a divulgação do PIB do 3º trimestre e da produção industrial de outubro. No exterior, as atenções se voltam para o relatório de emprego dos EUA.