ENFOQUE MACRO SEMANAL 22 de novembro de 2024 BRASIL: Expectativas para inflação e juros aumentaram na última semana MUNDO: Economia dos EUA continua acelerando EVENTOS DA SEMANA Em uma semana marcada por poucas divulgações de dados no Brasil e no exterior, as atenções se voltaram para as implicações econômicas do novo governo que toma posse nos EUA em janeiro, além de definições sobre a política fiscal no Brasil. No ambiente global, a tendência de fortalecimento do dólar frente às principais moedas foi mantida, motivada tanto pelas nomeações do governo Trump, que reforçam as principais pautas trazidas na campanha (tarifas comerciais e imigração). Além disso, com a nova escalada do conflito Rússia-Ucrânia na semana, o movimento de aversão a risco nos mercados se amplificou. No Brasil, a expectativa acerca do pacote fiscal a ser anunciado pelo governo federal concentrou as atenções do mercado. Ao mesmo tempo, as pressões inflacionárias de curto prazo e o enfraquecimento do real continuaram motivando revisões para cima das projeções para o IPCA deste e dos próximos anos. Com isso, as curvas de juros seguiram o movimento de abertura e o real manteve a trajetória de depreciação das últimas semanas. O mercado continuou elevando suas expectativas para inflação e juros. A expectativa mediana do Focus para o IPCA de 2024 se elevou ligeiramente na última leitura, passando de 4,62% para 4,64%. Houve mudança de mesma magnitude para as expectativas de 2025, que foram de 4,10% para 4,12%. Apesar desses movimentos refletirem uma piora das projeções de curto prazo, principalmente pela forte elevação nos preços de carnes, as projeções de 2026 também sofreram alterações. Para esse horizonte, as expectativas se elevaram de 3,65% para 3,70%, o que deve gerar preocupação para o Banco Central, dado que neste horizonte a autoridade monetária tem total poder de controlar a inflação com decisões de juros. A revisão altista das expectativas de inflação ocorre concomitantemente aos economistas terem revisado as projeções de juros para cima: a Selic de 2025 passou de 11,50% para 12,00%. Ambos os movimentos podem levar ao entendimento que parte do mercado não acredita que o Banco Central estaria disposto a fazer o ajuste necessário para controlar a inflação no horizonte relevante, exigindo uma postura mais dura da autoridade monetária. Em relação à atividade, por outro lado, os participantes mantiveram as previsões do crescimento do PIB para 2024 e 2025 em 3,10% e 1,94%, respectivamente. Por fim, cabe destacar a elevação das expectativas de taxa de câmbio para todos os anos do relatório. Arrecadação federal continuou forte em outubro. A arrecadação totalizou R$ 247,9 bilhões no mês, o que representou avanço real de 9,8% em relação a outubro de 2023. Excluindo os fatores não recorrentes, o aumento real da receita foi de 8,9% na comparação interanual. Entre os componentes, destaque para o avanço do PIS/Pasep e a Cofins, que tiveram acréscimo real de 20,3%, enquanto IRPJ/CSLL (4,3%) e receita previdenciária (6,3%) apresentaram desempenho mais moderado. No acumulado do ano, a arrecadação totalizou o valor de R$ 2,2 trilhões, avanço real de 9,7%. O desempenho robusto da receita continua compatível com o atingimento do piso do intervalo da meta de resultado primário em 2024. Prévia dos índices PMI reforçou o dinamismo da atividade econômica nos EUA em relação aos demais países desenvolvidos. O índice PMI composto dos EUA continuou acelerando, passando de 54,3 para 55,3 pontos entre outubro e novembro, superando a expectativa do mercado (54,3). O resultado refletiu o forte desempenho do setor de serviços (57,0), além da queda menos intensa observada na indústria (de 48,5 para 48,8). Na Área do Euro, por sua vez, o PMI Composto passou da marca neutra de 50,0 para o campo da retração (48,1), uma vez que os serviços recuaram de forma significativa, enquanto a contração da indústria foi ainda mais acentuada no mês. Esses dados de novembro, assim, ressaltam o quadro de atividade mais forte nos Estados Unidos quando comparada às principais economias, especialmente à europeia. Essa divergência acaba reforçando a visão de que o Banco Central Europeu tem mais espaço para reduzir os juros, aumentando o diferencial em relação ao Fed, o que ajuda a explicar a recente depreciação do euro. NA PRÓXIMA SEMANA Na agenda doméstica, destaque para a divulgação de dados de inflação, do setor externo e de atividade. No exterior, as atenções se voltam para inflação nos EUA e na Área do Euro.